mãe sempre dizia que se apontasse para as estrelas criava verruga,
nunca nasceu uma em mim quando apontei, mas se ela dizia
eu ia lá me atrever a desmentir.
Interior já não se tem muita coisa, e quem mora em sítio, vixe ai é que as coisas
são mais complicadas.Certo dia sai pra tirar manga, era época da manga,
a mangueira tava carregadinha, eu e Letícia minha irmã mais nova sempre
fazíamos aposta, nesse dia apostamos quem iria pegar mais manga.
Andei, andei que só pra chegar no pé, Letícia mais magrinha e menor, lógico
que chegou primeiro do que eu, dai foi uma correria, eu gritava de um lado
dizendo que a que tava lá em cima era minha, ela gritava do outro lado dizendo que tinha visto
primeiro,eu ia quase caindo nesse vai e vem, pisei num galho fino que se
não tivesse segurado no outro,a queda era feia.Imagina só menino quando aposta,
não ganhar é sinônimo de depressão e puro fracasso.
Chegando lá em casa, mainha reclamou com a gente porque estávamos
sujos, arranhados, e ainda por cima ela não deu a ordem pra gente sair.
Depois do carão que eu levei, fiquei pensando, pensando, e cheguei numa conclusão.
Aquele foi um dos dias mais felizes da minha vida, nunca tinha chegado em casa
tão cansado e tão satisfeito.Antes de mãe apagar os candeeiros pra gente dormir,
Letícia foi nas pontas dos pés lá no meu quarto, me catucou e perguntou: - João, tu tá dormindo?
E eu disse:-Não Lelê o que foi?
- É que eu queria brincar de novo contigo de apostar...
-Vamos amanhã
bem cedinho Lelê, mas vamo escondido de mãe, e dessa vez não invente de
querer me ganhar de novo.
Um comentário:
A simplicidade sempre nos diz coisas mais bonitas!
Beijos Vermelhos,
Mi e ChicO!
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