Uni versos e versos

Uni versos e versos
by gabi grisi

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A mangueira

A gente morava num sítio lá em São João do Rio do Peixe, minha
mãe sempre dizia que se apontasse para as estrelas criava verruga,
nunca nasceu uma em mim quando apontei, mas se ela dizia
eu ia lá me atrever a desmentir.
Interior já não se tem muita coisa, e quem mora em sítio, vixe ai é que as coisas
são mais complicadas.Certo dia sai pra tirar manga, era época da manga,
a mangueira tava carregadinha, eu e Letícia minha irmã mais nova sempre
fazíamos aposta, nesse dia apostamos quem iria pegar mais manga.
Andei, andei que só pra chegar no pé, Letícia mais magrinha e menor, lógico
que chegou primeiro do que eu, dai foi uma correria, eu gritava de um lado
dizendo que a que tava lá em cima era minha, ela gritava do outro lado dizendo que tinha visto
primeiro,eu ia quase caindo nesse vai e vem, pisei num galho fino que se
não tivesse segurado no outro,a queda era feia.Imagina só menino quando aposta,
não ganhar é sinônimo de depressão e puro fracasso.
Chegando lá em casa, mainha reclamou com a gente porque estávamos
sujos, arranhados, e ainda por cima ela não deu a ordem pra gente sair.
Depois do carão que eu levei, fiquei pensando, pensando, e cheguei numa conclusão.
Aquele foi um dos dias mais felizes da minha vida, nunca tinha chegado em casa
tão cansado e tão satisfeito.Antes de mãe apagar os candeeiros pra gente dormir,
Letícia foi nas pontas dos pés lá no meu quarto, me catucou e perguntou: - João, tu tá dormindo?
E eu disse:-Não Lelê o que foi?
- É que eu queria brincar de novo contigo de apostar...
-Vamos amanhã
bem cedinho Lelê, mas vamo escondido de mãe, e dessa vez não invente de
querer me ganhar de novo.

Um comentário:

Empoemamento disse...

A simplicidade sempre nos diz coisas mais bonitas!

Beijos Vermelhos,

Mi e ChicO!